
sábado, 17 de setembro de 2016
Sociolinguística
Será que falamos do mesmo jeito que a gramática descreve? E todos falam da mesma forma em outros estados?
A sociolinguística surgiu para verificar essas variações que ocorrem na língua falada, ou seja, em seu uso real. Além disso, eles levam em consideração os aspectos sociais e culturais como a faixa etária e o local de uso. Então, eles procuram entender as motivações por trás da variação linguística e qual a importância disso, já que a mudança não acontece ao acaso, e sim como um fenômeno cultural motivado por vários fatores linguísticos e extralinguísticos. É importante lembrar, que apesar da heterogeneidade da língua, ela apresenta regras e ela se adapta, logo, tem um caráter sistemático.
O linguista William Labov, na década de 60, criou o que chamamos de “Teoria Variacionista” que via, justamente, a língua como sistemática e assim, propôs ver a regularidade na comunicação do dia a dia e consequentemente, como uma variante surge e desaparece. Podemos, por exemplo, dizer: “a gente vai” ou “nós vamos”, dando um caráter coloquial ou mais formal ao nosso discurso. No entanto, ambas as expressões são aceitas e não há mudança no significado da sentença. Isso é o que chamamos de “variante”. Cabe ao sociolinguista, o papel de descobrir o contexto em que ocorrem as variações. Eles podem verificar o contexto especifico, a faixa etária, se são pessoas cultas ou analfabetas, o nível socioeconômico, sexo etc. Dessa forma, pode-se medir o numero de ocorrências do uso de determinada variante, como também prever tendências de uso da mesma.
Outra questão interessante é o fato de toda variedade possuir suas características próprias, diferenciando-se assim umas das outras. Segundo Marcos Bagno (2007, p. 46) a variação linguística está classificada em diastrática, diatópica, diamésica, diafásica e diacrônica.
Variação diastrática: é a variação linguística que acontece no âmbito das diferentes classes sociais. Ela acontece na relação do locutor para com o interlocutor, em decorrência dos seguintes aspectos: faixa etária, sexo, escolaridade, profissão, meio de convivência e classe social, ou seja, o poder de consumo contribui para que o indivíduo tenha acesso à norma padrão e assim, fazer uso desta com maior frequência. Em relação ao sexo, um dos exemplos que pode ser citado é o uso do diminutivo por mulheres e de palavrões por homens; o uso das expressões “brusa” e “blusa”, ”nois fumo” e “nós fomos”, são influenciados pela idade e pelo grau de escolaridade do falante; no caso do contexto social, têm-se as gírias, usadas geralmente pelos adolescentes, que procuram possuir uma linguagem própria. A questão do contexto social também é percebida na escolha que o falante faz entre o uso do estilo formal ou informal, dependendo do local e do interlocutor no momento da fala.
Variação diatópica: acontece quando sua origem for geográfica. Esta variação se dá por fatores regionais, e é percebida na pronúncia, no vocabulário e na organização da frase. Por exemplo, apesar de brasileiros, portugueses e angolanos falarem um mesmo idioma, português, cada qual possui suas particularidades fonológicas, morfossintáticas e semânticoas, em Portugal usa-se “rapariga” para designar uma jovem mulher, já no Brasil o termo usado é “moça”, sendo a palavra “rapariga” usada como um termo pejorativo, em algumas regiões vista como ofensa, pois se remete a prostituta. Outro exemplo de variação diatópica são os termos empregados com sentidos diferentes nas diversas regiões do Brasil, exemplo: no sudeste o termo “incomodada” se remete ao incômodo que se sente em função da presença de alguém, já no nordeste esse lexema está diretamente relacionado à mulher menstruada.
Variação diamésica: ocorre quando há comparação entre a língua falada e a língua escrita, está intrinsecamente ligada ao conceito de gênero textual.
Variação diafásica: está ligada à variação estilístico-pragmática, nesta o falante faz um uso diferenciado da língua de acordo com o grau de monitoramento, formalidade, que será necessário no ato da comunicação oral.
Variação diacrônica: é a comparação que se faz entre as diferentes fases da história de uma língua. É fato indiscutível que as línguas mudam com o tempo. Isto pode ser observado quando lemos à carta de Caminha sobre o descobrimento do Brasil, algum texto de Machado de Assis e algum livro ou artigo escrito nos dias atuais, às diferenças entre eles é perceptível até para um não conhecedor dos estudos Linguísticos e Sociolinguísticos.
Décadas anteriores a Labov, outros autores já citavam a variação linguística como consequência social, por exemplo, Antonio Meillet o qual afirma: “Por ser a língua um fato social resulta que a linguística é uma ciência social, e o único elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança social". Além desses, Bakhtin (1988) afirma que a mudança na língua é historicamente motivada pelos diferentes contextos de uso, podendo uma palavra assumir diferentes significados, variando a região e a cultura no qual o individuo se insere.
Dessa forma, unindo esses dois princípios e com o desenvolvimento de Labov sobre a "Teoria da Variação e Mudança Linguística", a sociolinguística passa a renovar a ideia de que a língua é um fenômeno social cuja natureza é ideológica, bem como a estrutura da língua e suas variações. Assim sendo, a proposta de Labov é uma oposição ao feito por Saussure e Chomsky.
Em Saussure, é questionada a separação entre "langue" e "parole", e entre sincronia e diacronia, além da definição da língua como um sistema signos. Em Chomsky, a crítica é com referência a uma comunidade de fala homogênea e a existência de um ouvinte ideal. Para Labov é comprovado que existem comunidades distintas e com diferentes formas de fala. A essência é o componente social para uma análise linguística eficiente, portanto, além da relação entre língua e sociedade preocupa-se também com o contexto de fala e a estrutura da linguagem.
As obras que se destacam nesse tema são: Fundamentos Empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística (1968) de Uriel Weinreich, William Labov e Marvin Herzog e Padrões Sociolinguísticos, Labov (1972). Esse importante autor escreveu diversos trabalhos sobre variação linguística e fonológica na língua inglesa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASOutra questão interessante é o fato de toda variedade possuir suas características próprias, diferenciando-se assim umas das outras. Segundo Marcos Bagno (2007, p. 46) a variação linguística está classificada em diastrática, diatópica, diamésica, diafásica e diacrônica.
Variação diastrática: é a variação linguística que acontece no âmbito das diferentes classes sociais. Ela acontece na relação do locutor para com o interlocutor, em decorrência dos seguintes aspectos: faixa etária, sexo, escolaridade, profissão, meio de convivência e classe social, ou seja, o poder de consumo contribui para que o indivíduo tenha acesso à norma padrão e assim, fazer uso desta com maior frequência. Em relação ao sexo, um dos exemplos que pode ser citado é o uso do diminutivo por mulheres e de palavrões por homens; o uso das expressões “brusa” e “blusa”, ”nois fumo” e “nós fomos”, são influenciados pela idade e pelo grau de escolaridade do falante; no caso do contexto social, têm-se as gírias, usadas geralmente pelos adolescentes, que procuram possuir uma linguagem própria. A questão do contexto social também é percebida na escolha que o falante faz entre o uso do estilo formal ou informal, dependendo do local e do interlocutor no momento da fala.
Variação diatópica: acontece quando sua origem for geográfica. Esta variação se dá por fatores regionais, e é percebida na pronúncia, no vocabulário e na organização da frase. Por exemplo, apesar de brasileiros, portugueses e angolanos falarem um mesmo idioma, português, cada qual possui suas particularidades fonológicas, morfossintáticas e semânticoas, em Portugal usa-se “rapariga” para designar uma jovem mulher, já no Brasil o termo usado é “moça”, sendo a palavra “rapariga” usada como um termo pejorativo, em algumas regiões vista como ofensa, pois se remete a prostituta. Outro exemplo de variação diatópica são os termos empregados com sentidos diferentes nas diversas regiões do Brasil, exemplo: no sudeste o termo “incomodada” se remete ao incômodo que se sente em função da presença de alguém, já no nordeste esse lexema está diretamente relacionado à mulher menstruada.
Variação diamésica: ocorre quando há comparação entre a língua falada e a língua escrita, está intrinsecamente ligada ao conceito de gênero textual.
Variação diafásica: está ligada à variação estilístico-pragmática, nesta o falante faz um uso diferenciado da língua de acordo com o grau de monitoramento, formalidade, que será necessário no ato da comunicação oral.
Variação diacrônica: é a comparação que se faz entre as diferentes fases da história de uma língua. É fato indiscutível que as línguas mudam com o tempo. Isto pode ser observado quando lemos à carta de Caminha sobre o descobrimento do Brasil, algum texto de Machado de Assis e algum livro ou artigo escrito nos dias atuais, às diferenças entre eles é perceptível até para um não conhecedor dos estudos Linguísticos e Sociolinguísticos.
Principais autores
Enquanto as abordagens estruturalistas de Saussure e a gerativista de Chomsky caracterizam a língua como uma realidade abstrata e não a relaciona aos fatores histórico-sociais, um autor - William Labov - surge em 1960 contradizendo esses aspectos.Décadas anteriores a Labov, outros autores já citavam a variação linguística como consequência social, por exemplo, Antonio Meillet o qual afirma: “Por ser a língua um fato social resulta que a linguística é uma ciência social, e o único elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança social". Além desses, Bakhtin (1988) afirma que a mudança na língua é historicamente motivada pelos diferentes contextos de uso, podendo uma palavra assumir diferentes significados, variando a região e a cultura no qual o individuo se insere.
Dessa forma, unindo esses dois princípios e com o desenvolvimento de Labov sobre a "Teoria da Variação e Mudança Linguística", a sociolinguística passa a renovar a ideia de que a língua é um fenômeno social cuja natureza é ideológica, bem como a estrutura da língua e suas variações. Assim sendo, a proposta de Labov é uma oposição ao feito por Saussure e Chomsky.
Em Saussure, é questionada a separação entre "langue" e "parole", e entre sincronia e diacronia, além da definição da língua como um sistema signos. Em Chomsky, a crítica é com referência a uma comunidade de fala homogênea e a existência de um ouvinte ideal. Para Labov é comprovado que existem comunidades distintas e com diferentes formas de fala. A essência é o componente social para uma análise linguística eficiente, portanto, além da relação entre língua e sociedade preocupa-se também com o contexto de fala e a estrutura da linguagem.
As obras que se destacam nesse tema são: Fundamentos Empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística (1968) de Uriel Weinreich, William Labov e Marvin Herzog e Padrões Sociolinguísticos, Labov (1972). Esse importante autor escreveu diversos trabalhos sobre variação linguística e fonológica na língua inglesa.
FIORIN, José Luiz et al. (Org.). Introdução à Linguística: I. Objetos teóricos. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2012. 227 p.
MARTELLOTA, Mário Eduardo et al. (Org.). Manual da Linguística. 1. ed. São Paulo: Contexto, Editora 2008. Ano 256 p.
Sociolinguística / Izete Lehmkuhl Coelho et al. – Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2010. 172 p. : 28 cm


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Tenho uma dúvida: se pudéssemos elencar quais os três tipos básicos de variação linguística?
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