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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Linguística Cognitiva

A Linguística Cognitiva nasceu em meados da década de 70 a partir da insatisfação de alguns pesquisadores com abordagens de caráter mais formal para o estudo da linguagem humana, dentre elas, o paradigma liderado pelo linguista Noam Chomsky, a Linguística Gerativa.  Como designação de uma nova vertente, o termo foi inicialmente adotado por um grupo particular de estudiosos, entre os quais se destacam George Lakoff, Ronald Langacker, Leonard Talmy, Charles Fillmore e Gilles Fauconnier.
Em resumo, a Linguística Cognitiva, aborda a linguagem a partir da relação da experiência humana com o mundo, concebendo a linguagem não como uma entidade autônoma, mas como “manifestações de capacidades cognitivas gerais, da organização conceptual, de princípios de categorização, de mecanismos de processamento e da experiência cultural, social e individual” (SILVA, 1997).

Há 3 pressupostos básicos da linguística cognitiva, sendo eles (CROFT & CRUSE, 2004):
  • A linguagem não é um módulo separado de outras faculdades cognitivas;
  • A estrutura gramatical de uma língua reflete diferentes processos de conceptualização;
  • O conhecimento linguístico emerge e se estrutura a partir do uso da linguagem, ou seja, do uso efetivo da língua em eventos comunicativos reais.

Uma das principais características da linguística cognitiva é que a mesma se opõe a dois paradigmas linguísticos, o estruturalismo e o gerativismo. Como visto nos outros posts do blog, o estruturalismo linguístico entende e estuda a linguagem como um sistema que se basta a si mesmo (com a sua própria estrutura, os seus próprios princípios constitutivos e sua própria dinâmica). Assim como a gramática gerativa que defende que o módulo cognitivo da linguagem é um componente autônomo da mente, específico e, em princípio, independente de outros módulos cognitivos (como o raciocínio matemático, a percepção, etc.) e que por conseguinte, o conhecimento da linguagem é independente de outros tipos de conhecimento. A linguística cognitiva, portanto, é contrária a esses pensamentos pois adota uma perspectiva não modular que prevê a atuação de princípios cognitivos gerais compartilhados pela linguagem e outras capacidades cognitivas, bem como a interação entre os módulos da linguagem, mais especificamente, entre estrutura linguística e conteúdo conceptual. 
Em Linguística Cognitiva “fenômenos característicos do uso da língua passam a ter maior importância para a compreensão do fenômeno da linguagem. Para os cognitivistas a gramática de uma língua constitui um conjunto de princípios dinâmicos, os quais [...] se associam a rotinas cognitivas que são moldadas, mantidas e modeladas pelo uso” (Martelotta & Palomanes, 2009, p. 181).

A Linguística Cognitiva abraça os linguistas adeptos de uma abordagem de estudo da língua que se baseia na percepção e conceptualização do mundo, predominam os estudos sobre a semântica e os significados ao invés da gramática ou descrição da língua. Sendo assim, estabelece que a gramática não é um conjunto de regras que opera sobre categorias de palavras ou sentenças, mas sim um conjunto de princípios gerais e processuais, que opera sobre bases de conhecimento, ou seja, as estruturas linguísticas são maleáveis e amoldam-se continuamente às necessidades de expressão e comunicação. A língua é então um instrumento que empregamos para expressar pensamentos e interagir com a sociedade.
“A Linguística Cognitiva propõe uma mudança de perspectiva no estudo da linguagem, colocando os usuários da língua no centro da construção do significado.” (Martelotta & Palomanes 2009, p. 181).
Postula-se que a linguagem é parte integrante da cognição humana que reflete a interação de fatores culturais, psicológicos, comunicativos e funcionais, e só pode ser entendida e estudada sob o contexto de uma visão real de conceptualização e processamento mental. Além disso, a Linguística Cognitiva contribui para a ciência a que denominamos Linguística, em geral, uma vez que permite a inserção de novos procedimentos metodológicos para a investigação de fenômenos linguísticos (GONZALEZ-MARQUEZ, MITTELBERG, COULSON & SPIVEY, 2007).
No Brasil, a Linguística Cognitiva é pouco conhecida, mas já há alguns trabalhos desenvolvidos famosos, como o de Lima (1989), Almeida (1995), Batoréo (1996) e Silva (1997).


Referências:

CROFT, W & CRUSE, A. Cognitive Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
FERRARI, LILIAN. Introdução à Linguística Cognitva. São Paulo: contexto, 2011.
GONZALEZ-MARQUEZ, Mônica; MITTELBERG, Irene; COULSON, Seana; SPIVEY, Michael J. Methods in Cognitive Linguistic. New York: John Benjamins, 2007.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Org. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2009.
SILVA, Augusto Soares da. A Semântica de Deixar: Uma Contribuição para a Abordagem Cognitiva em Semântica Lexical. Braga: Universidade Católica Portuguesa, 1997.

Estruturalismo


Saussure, percussor do estruturalismo (acontecimento que marcou o século XX),enfatizou a ideia de que a língua é um sistema, ou seja, um conjunto de unidades que
obedecem a certos princípios de funcionamento, constituindo um todo coerente. A geração seguinte coube observar mais detalhadamente como o sistema se estrutura: daí o termo “estruturalismo” para designar a nova tendência de se analisar as línguas.(COSTA, 2011, p. 114)

Sendo assim o estruturalismo estabelece que quando a língua é formada por um conjunto de elementos coesos inter-relacionados e esses funcionando a partir de regras internas, ou seja, um conjunto de leis já estabelecidas intrínsecas ao próprio sistema, ela alcança uma organização, uma estrutura, o que resulta na linguagem como um sistema articulado formado a partir da organização interna dos elementos que constitui o sistema linguístico.

As unidades são reguladas por normas que se manifestam no período de aquisição da linguagem. Isso significa algo que depende do meio no qual estamos inseridos, ou seja, um conhecimento adquirido no social, obtido através dos falantes que temos relações, pois só estabelecemos comunicação porque conhecemos a organização da gramática de uma determinada língua, desta forma fica claro que conhecemos a distribuição e não suas regras normativas.








Uma analogia muito utilizada por Saussure é a do jogo de xadrez, no qual ele diz que o valor das peças (rainha, peão, torre...) independem da sua materialidade, dependendo assim da compreensão de como as peças se relacionam entre si, pois se substituirmos o material das peças não afetará o sistema do jogo, haja vista a relação das peças com as regras e função estabelecida para cada uma e das relações das oposições entre as unidades.


Enfim, a abordagem estruturalista traz características como língua e fala; sincronia e diacronia; signo linguístico e sua arbitrariedade; relações sintagmáticas e paradigmáticas. Portanto entende que o sistema resulta da aproximação de determinadas unidades e que a língua é a forma e não a substância, assim essa deve ser estudada em si mesma e por si mesma.



Vejamos os principais autores do estruturalismo que estudaram a organização estrutural da linguagem:

Ferdinand Saussure (1857-1913), linguista suíço.

Leonard Bloomfield (1887-1982), linguista norte-americano.

Louis Hjemslev (1899-1965), linguista dinamarquês.

Émile Benveniste (1902-1976), linguista francês.

Roman Osipovich Jakobson (1896-1982), linguista russo



Referência


MARTELOTTA, M. et AL. Manual de lingüística. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2011.

domingo, 18 de setembro de 2016

Funcionalismo


O QUE É?

O funcionalismo teve origem na cidade de Praga, entre os anos 1926 e 1939, no circuito linguístico, que se iniciou com o estruturalismo de Saussure.

A teoria funcionalista,diferente do estruturalismo (apesar de ter surgido do estruturalismo) e o gerativismo, têm como objetivo de estudo a relação entre a estrutura gramatical das línguas e os diferentes contextos comunicativos em que elas são usadas, ou seja, a principal motivação é a relação entre linguagem e uso no dia a dia, abordando a língua dentro da sua aplicação real.

“[...] em primeiro lugar, a concepção de linguagem como instrumento de comunicação e de interação social e, em segundo lugar, o estabelecimento de um objeto de estudo baseado no uso real, o que significa não admitir separações entre sistema e uso, tal como preconizam tanto o estruturalismo saussuriano, com a distinção entre língua e fala, quanto a teoria gerativa, com a distinção entre competência e desempenho”. (PEZATTI, 2007, p.165)

Tomando como base esses conhecimentos, se faz importante frisar que a linguagem é analisada como uma ferramenta cujo modelo se adapta às funções que ela exerce na sociedade. A partir disso, essa será explicada com base na sua aplicabilidade. Por exemplo, o desempenhoque um aluno terá com um colega de classe será diferente do que ele teria com um reitor, devido ao contexto que influencia na interação comunicativa.

Para o funcionalismo, a língua é um instrumento entre a interação e a ação social e a compreensão da comunicação depende de alguns fatores, como a interação social e cultural. Ele afirma também que a criança constrói a gramática com base na sua exposição aos dados linguísticos e à interação social. E, por fim, ele inclui em seus estudos os fenômenos psicológicos e sociológicos, ferindo, assim, a “autonomia” da Linguística em relação a outras ciências.


EXISTEM DOIS TIPOS DE FUNCIONALISMO:O EUROPEU E O NORTE-AMERICANO
   
  •     Funcionalismo europeu:o foco era nas funções das unidades linguísticas: fonologia e sintaxe. Teve origem no circuito linguístico de Praga pelo linguista Vilém Mathesius. A contribuição dos teóricos do funcionalismo europeu (Nikolaj Trubetzkoy e Roman Jakobson) foi a compreensão dos termos função/funciona, e eles contrariavam a distinção entre sincronia e diacronia posta por Saussure.
  •      Funcionalismo norte-americano:teve como um dos pioneiros Dwight Bolinger, cuja a análise feita por ele era sobre fenômenos particulares, e também foi pioneiro na pesquisa sobre pragmática da ordenação das palavras na cláusula. O linguista Joseph Greenberg também foi um autor no funcionalismo norte-americano, no qual focava seus estudos nas variações tipológicas entre as línguas.

CARACTERÍSTICAS

  •     Informatividade: aborda o conhecimento que o interlocutor quer passar na interação comunicativa;
  •         Inconicidade: é a relação da expressão e do conteúdo;
  •        Marcação: é o oposto entre dois elementos da categoria linguística (podendo ser fonológica, morfológica ou sintática);
  •         Transitividade e plano discursivo:é a propriedade dos verbos;
  •     Gramaticalização:é a adaptação da gramática na interação comunicativa do falante no contexto social.

REFERÊNCIAS
ANINHA. Funcionalismo. 2009. Disponível em: <http://epistemologialinguistica.blogspot.com.br/2009/12/funcionalismo.html>.  Acesso em: 16 set. 2016.

BRITO, Francione. O funcionalismo linguístico. 2013. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/FFVB/o-funcionalismo-linguistico-16527552>. Acesso em: 16 set. 2016.

CUNHA, Angélica Furtado. Funcionalismo. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo et al (Org.) Manual de Linguística. São Paulo. Contexto, 2010. p. 157-163.

PEZATTI, Erotilde Goreti. O Funcionalismo em Linguística. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (Org.). Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2007. Cap.5. p.165-175.




* Desempenho: maneira como se fala/expressa.





Gerativismo


           A linguística, como ocorre com outras ciências, apresenta diferentes escolas teóricas que diferem na sua maneira de compreender o fenômeno da linguagem. Uma dessas teorias é o Gerativismo, que é uma linha de pesquisa que já possui cinquenta anos de plena atividade e produtividade, em que há diversas modificações a fim de elaborar um modelo teórico formal, inspirado na matemática, capaz de descrever e explicar abstratamente o que é e como funciona a linguagem humana. A linguística gerativa – ou gerativismo, ou ainda gramática gerativa – é uma corrente de estudos da ciência da linguagem que teve início nos Estados Unidos e vem em resposta ao behaviorismo ao dizer que todos os seres humanos já nascem com a capacidade mental para aquisição da linguagem, e não adquirida apenas da interação. "Em outras palavras, a língua, que é inata ao homem, e portanto, interna, 'geraria' as expressões da linguagem. Daí o termo 'gramática gerativa'" (MURAD, 2011).
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O autor principal Noam Chomsky, um norte-americano, filósofo, ativista político, professor de linguística do Instituto de Tecnologia de Massachussets, na década de 50, apresentou a Teoria Gerativista e ao publicar sua obra, intitulada, Estruturas Sintáticas deu início ao que se chamou de Linguística Gerativista, sendo considerada como o seu nascimento.
Uma das características da teoria Gerativa é a investigação do conhecimento linguístico do falante nativo; descrever esse conhecimento em termos de regras que compõem a gramática da língua não basta, é necessário, também, explicar a maneira como esse conhecimento é adquirido. A mesma estabelece dois tipos de gramáticas: a universal, que seria o estado inicial da linguagem, que capacitaria qualquer criança a adquirir qualquer língua contanto que seja exposta a ela. E a particular, correspondente a características próprias de cada língua. As duas estão diretamente ligadas.
Outra observação que precisa ser feita é a de que esse conhecimento linguístico que nós temos, tem natureza diferente da de nossa habilidade linguística. Essa distinção é a base que se faz entre competência, o conhecimento que temos de nossa língua materna, e desempenho, nossa habilidade no uso concreto da língua, nas mais variadas situações de fala.

REFERÊNCIAS
MURAD, Carla R. Rachid Otávio. O funcionalismo e o gerativismo: principais características e expoentes. Núcleos. v.8, n.2, out.2011.


KENEDY, E. Gerativismo. In: Mário Eduardo Toscano Martelotta. (Org.). In.: Manual de lingüística. São Paulo: Contexto, 2008, v. 1, p. 127-140.  


FIORIN, José Luiz et al. Introdução à linguística: I. Objetos teóricos. 6. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2012. 228 p.


CHOMSKY, Noam. Sintact Structures. The Hague: Mouton, 1957. Aspects of theory of syntax, Cambridge: MIT Press, 1965.

sábado, 17 de setembro de 2016

Sociolinguística

Será que falamos do mesmo jeito que a gramática descreve? E todos falam da mesma forma em outros estados? 

A sociolinguística surgiu para verificar essas variações que ocorrem na língua falada, ou seja, em seu uso real. Além disso, eles levam em consideração os aspectos sociais e culturais como a faixa etária e o local de uso. Então, eles procuram entender as motivações por trás da variação linguística e qual a importância disso, já que a mudança não acontece ao acaso, e sim como um fenômeno cultural motivado por vários fatores linguísticos e extralinguísticos. É importante lembrar, que apesar da heterogeneidade da língua, ela apresenta regras e ela se adapta, logo, tem um caráter sistemático. 

O linguista William Labov, na década de 60, criou o que chamamos de “Teoria Variacionista” que via, justamente, a língua como sistemática e assim, propôs ver a regularidade na comunicação do dia a dia e consequentemente, como uma variante surge e desaparece. Podemos, por exemplo, dizer: “a gente vai” ou “nós vamos”, dando um caráter coloquial ou mais formal ao nosso discurso. No entanto, ambas as expressões são aceitas e não há mudança no significado da sentença. Isso é o que chamamos de “variante”. Cabe ao sociolinguista, o papel de descobrir o contexto em que ocorrem as variações. Eles podem verificar o contexto especifico, a faixa etária, se são pessoas cultas ou analfabetas, o nível socioeconômico, sexo etc. Dessa forma, pode-se medir o numero de ocorrências do uso de determinada variante, como também prever tendências de uso da mesma.


Outra questão interessante é o fato de toda variedade possuir suas características próprias, diferenciando-se assim umas das outras. Segundo Marcos Bagno (2007, p. 46) a variação linguística está classificada em diastrática, diatópica, diamésica, diafásica e diacrônica.

Variação diastrática: é a variação linguística que acontece no âmbito das diferentes classes sociais. Ela acontece na relação do locutor para com o interlocutor, em decorrência dos seguintes aspectos: faixa etária, sexo, escolaridade, profissão, meio de convivência e classe social, ou seja, o poder de consumo contribui para que o indivíduo tenha acesso à norma padrão e assim, fazer uso desta com maior frequência. Em relação ao sexo, um dos exemplos que pode ser citado é o uso do diminutivo por mulheres e de palavrões por homens; o uso das expressões “brusa” e “blusa”, ”nois fumo” e “nós fomos”, são influenciados pela idade e pelo grau de escolaridade do falante; no caso do contexto social, têm-se as gírias, usadas geralmente pelos adolescentes, que procuram possuir uma linguagem própria. A questão do contexto social também é percebida na escolha que o falante faz entre o uso do estilo formal ou informal, dependendo do local e do interlocutor no momento da fala.

Variação diatópica: acontece quando sua origem for geográfica. Esta variação se dá por fatores regionais, e é percebida na pronúncia, no vocabulário e na organização da frase. Por exemplo, apesar de brasileiros, portugueses e angolanos falarem um mesmo idioma, português, cada qual possui suas particularidades fonológicas, morfossintáticas e semânticoas, em Portugal usa-se “rapariga” para designar uma jovem mulher, já no Brasil o termo usado é “moça”, sendo a palavra “rapariga” usada como um termo pejorativo, em algumas regiões vista como ofensa, pois se remete a prostituta. Outro exemplo de variação diatópica são os termos empregados com sentidos diferentes nas diversas regiões do Brasil, exemplo: no sudeste o termo “incomodada” se remete ao incômodo que se sente em função da presença de alguém, já no nordeste esse lexema está diretamente relacionado à mulher menstruada.

Variação diamésica: ocorre quando há comparação entre a língua falada e a língua escrita, está intrinsecamente ligada ao conceito de gênero textual.

Variação diafásica: está ligada à variação estilístico-pragmática, nesta o falante faz um uso diferenciado da língua de acordo com o grau de monitoramento, formalidade, que será necessário no ato da comunicação oral.

Variação diacrônica: é a comparação que se faz entre as diferentes fases da história de uma língua. É fato indiscutível que as línguas mudam com o tempo. Isto pode ser observado quando lemos à carta de Caminha sobre o descobrimento do Brasil, algum texto de Machado de Assis e algum livro ou artigo escrito nos dias atuais, às diferenças entre eles é perceptível até para um não conhecedor dos estudos Linguísticos e Sociolinguísticos.

Principais autores
Enquanto as abordagens estruturalistas de Saussure e a gerativista de Chomsky caracterizam a língua como uma realidade abstrata e não a relaciona aos fatores histórico-sociais, um autor - William Labov - surge em 1960 contradizendo esses aspectos.

Décadas anteriores a Labov, outros autores já citavam a variação linguística como consequência social, por exemplo, Antonio Meillet o qual afirma: “Por ser a língua um fato social resulta que a linguística é uma ciência social, e o único elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança social". Além desses, Bakhtin (1988) afirma que a mudança na língua é historicamente motivada pelos diferentes contextos de uso, podendo uma palavra assumir diferentes significados, variando a região e a cultura no qual o individuo se insere.

Dessa forma, unindo esses dois princípios e com o desenvolvimento de Labov sobre a "Teoria da Variação e Mudança Linguística", a sociolinguística passa a renovar a ideia de que a língua é um fenômeno social cuja natureza é ideológica, bem como a estrutura da língua e suas variações. Assim sendo, a proposta de Labov é uma oposição ao feito por Saussure e Chomsky.

Em Saussure, é questionada a separação entre "langue" e "parole", e entre sincronia e diacronia, além da definição da língua como um sistema signos. Em Chomsky, a crítica é com referência a uma comunidade de fala homogênea e a existência de um ouvinte ideal. Para Labov é comprovado que existem comunidades distintas e com diferentes formas de fala. A essência é o componente social para uma análise linguística eficiente, portanto, além da relação entre língua e sociedade preocupa-se também com o contexto de fala e a estrutura da linguagem.

As obras que se destacam nesse tema são: Fundamentos Empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística (1968) de Uriel Weinreich, William Labov e Marvin Herzog e Padrões Sociolinguísticos, Labov (1972). Esse importante autor escreveu diversos trabalhos sobre variação linguística e fonológica na língua inglesa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIORIN, José Luiz et al. (Org.). Introdução à Linguística: I. Objetos teóricos. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2012. 227 p.

MARTELLOTA, Mário Eduardo et al. (Org.). Manual da Linguística. 1. ed. São Paulo: Contexto, Editora 2008. Ano 256 p.

Sociolinguística / Izete Lehmkuhl Coelho et al. – Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2010. 172 p. : 28 cm

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Linguística Textual


Definição:
A Linguística textual é um objeto de investigação não sendo apenas uma palavra isolada, mas um texto de manifestação da linguagem. A diferença entre texto e linguística textual não é apenas quantitativa, mas qualitativa, pois enfatizam estruturas utilizadas na constituição de textos. A linguística apresenta vertentes que diferem de coesão textual, tais como: informatividade, intertextualidade e situacionalidade.

Objetivos principais:
  • Observar o funcionamento da língua em uso;
  • Se preocupa com os processos sociocognitivos;
  • Dedica-se a eventos dinâmicos da língua, como por exemplo, diferença entre os gêneros, aspecto social...

A Linguística Textual começou a desenvolver-se na década de 60 através de autores como Roland Harweg, Harald Weinrich, Wunderlich, Siegfried J . Schmidt, Elisabeth Gülich, Beaugrande & Dressler e também no Brasil. As pesquisas sobre coesão e coerência textuais tiveram grande desenvolvimento, frutificando em uma série de obras sobre o assunto. Podem-se mencionar, entre muitos outros, os trabalhos de Marcuschi (1983), Koch (1987,1989, 1992); Koch & Travaglia (1989, 1990); Favero (1991) e Bastos (1985).  Construindo um novo ramo de estudo da Linguística na Europa, principalmente, na Alemanha.
Seu objetivo de estudo tem como unidade básica, investigar não mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma específica e contextual de manifestação da linguagem. Nessa perspectiva esse tema de estudo ultrapassa os limites da frase e entende a linguagem como interação de todos os elementos textuais, para a compreensão e estruturalização de um texto. Assim, justifica-se a necessidade de descrever e explicar a língua dentro de um contexto, considerando suas condições de uso.
Podemos então exemplificar a partir da forma da construção de um texto. Uma dissertação argumentativa do ENEM exige as seguintes exigências para uma boa nota e exata construção da redação: introdução apresentando o tema, tese, desenvolvimento comprovando o ponto de vista da ideia principal, proposta intervenção e conclusão. Não se pode redigir um texto sem que haja um contexto, continuidade, coerência, coesão, pois deve-se seguir uma estrutura para que não só esteja bem escrito como também bem estruturado diante de um tipo específico de texto.
Tem-se também como exemplo, cartas, narrativas, textos metalinguísticos, artigos científicos etc, todos eles precisam seguir um tipo de lógica estrutural para correta transmissão  de conhecimento e, consequentemente, uma boa assimilação feita pelos leitores. 

Principais autores da linguística textual

Roland Harweg - Para Harweg, um dos pioneiros da Linguística Textual na Alemanha, o texto é "uma sucessão de unidades linguísticas constituída por uma cadeia de pronominalizações ininterruptas". No interior dessa concepção, portanto, o texto é uma sequência de frases que constitui um texto, o qual, é necessário que os mesmos referentes sejam retomados em cada uma delas por meio das diversas formas de substituição, como os vários tipos de pronomes, as expressões nominais definidas etc.
Siegfried J . Schmidt - Para Schmidt (1973, entre outros), o texto é qualquer expressão de um conjunto linguístico em um ato mais global de comunicação. Para ele, a textualidade é o modo de toda e qualquer comunicação transmitida por sinais, inclusive os linguísticos. Esta posição o leva a preferir a denominação Teoria do Texto. O autor dedica-se a um estudo predominantemente sociológico - embora também linguístico, em sentido amplo - do objeto "texto".
Beaugrande & Dressler – Na sua obra procedem ao levantamento do que denominam critérios ou padrões de textualidade, que, segundo eles, seriam: coesão e coerência (centrados no texto); informatividade, situacionalidade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade (centrados no usuário). A obra é dedicada ao exame de cada um desses critérios, bem como ao estudo do processamento cognitivo do texto, tomando por base os pressupostos da semântica procedural. A maioria dos trabalhos posteriores na disciplina incorpora essas questões, inclusive alargando o rol dos fatores de textualidade e dedicando especial atenção à questão da coerência.
 “[...] Para Weinrich, o texto é, pois um andaime de determinações onde  tudo se encontra interligado” (pág. 60 )
...Schimidt – para quem o texto é “qualquer expressão de um conjunto linguístico num ato de comunicação – num âmbito de um jogo de um jogo de atuação comunicativa” (pág. 60).



Referências:
LIMA, Manoel Nilson. Linguística textual e seus avanços. Disponível em: <www.webartigos.com/artigos/linguistica-textual-e-seus-avancos/16368/#ixzz4KEQtqRqe>. Acesso em 13 de setembro de 2016.

SAMPAIO, Rodrigo. Breve concepção sobre linguística textual e cntexto. Disponível em: <https://encontreumconto.wordpress.com/2011/10/25/breve-concepcao-sobre-linguistica-textual-texto-e-contexto/ >. Acesso em 13 de setembro de 2016.


MAYA, Ana Laura. Fichamento do texto – o que é linguística textual. Disponível em: <http://laurabiologia.blogs.sapo.pt/2630.html>. Acesso em 13 de setembro de 2016.