
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Linguística Cognitiva
A
Linguística Cognitiva nasceu em meados da década de 70 a partir da insatisfação
de alguns pesquisadores com abordagens de caráter mais formal para o estudo da
linguagem humana, dentre elas, o paradigma liderado pelo linguista Noam
Chomsky, a Linguística Gerativa. Como designação de
uma nova vertente, o termo foi inicialmente adotado por um grupo particular de
estudiosos, entre os quais se destacam George Lakoff, Ronald Langacker, Leonard
Talmy, Charles Fillmore e Gilles Fauconnier.
Em resumo, a Linguística Cognitiva, aborda a linguagem a partir da
relação da experiência humana com o mundo, concebendo a linguagem não como uma
entidade autônoma, mas como “manifestações de capacidades cognitivas gerais, da
organização conceptual, de princípios de categorização, de mecanismos de
processamento e da experiência cultural, social e individual” (SILVA, 1997).
Há 3
pressupostos básicos da linguística cognitiva, sendo eles (CROFT & CRUSE,
2004):
- A linguagem não é um módulo separado de outras faculdades cognitivas;
- A estrutura gramatical de uma língua reflete diferentes processos de conceptualização;
- O conhecimento linguístico emerge e se estrutura a partir do uso da linguagem, ou seja, do uso efetivo da língua em eventos comunicativos reais.
Uma
das principais características da linguística cognitiva é que a mesma se opõe a
dois paradigmas linguísticos, o estruturalismo e o gerativismo. Como visto nos
outros posts do blog, o
estruturalismo linguístico entende e estuda a linguagem como um sistema que se
basta a si mesmo (com a sua própria estrutura, os seus próprios princípios
constitutivos e sua própria dinâmica). Assim como a gramática gerativa que
defende que o módulo cognitivo da linguagem é um componente autônomo da mente,
específico e, em princípio, independente de outros módulos cognitivos (como o
raciocínio matemático, a percepção, etc.) e que por conseguinte, o conhecimento
da linguagem é independente de outros tipos de conhecimento. A linguística
cognitiva, portanto, é contrária a esses pensamentos pois adota uma perspectiva
não modular que prevê a atuação de princípios cognitivos gerais compartilhados
pela linguagem e outras capacidades cognitivas, bem como a interação entre os
módulos da linguagem, mais especificamente, entre estrutura linguística e conteúdo
conceptual.
Em Linguística Cognitiva “fenômenos característicos do uso da língua passam a ter maior importância para a compreensão do fenômeno da linguagem. Para os cognitivistas a gramática de uma língua constitui um conjunto de princípios dinâmicos, os quais [...] se associam a rotinas cognitivas que são moldadas, mantidas e modeladas pelo uso” (Martelotta & Palomanes, 2009, p. 181).
A
Linguística Cognitiva abraça os linguistas adeptos de uma abordagem de estudo
da língua que se baseia na percepção e conceptualização do mundo, predominam os
estudos sobre a semântica e os significados ao invés da gramática ou descrição
da língua. Sendo assim, estabelece que a gramática não é um conjunto de regras
que opera sobre categorias de palavras ou sentenças, mas sim um conjunto de
princípios gerais e processuais, que opera sobre bases de conhecimento, ou
seja, as estruturas linguísticas são maleáveis e amoldam-se continuamente às
necessidades de expressão e comunicação. A língua é então um instrumento que
empregamos para expressar pensamentos e interagir com a sociedade.
“A Linguística Cognitiva propõe uma mudança de perspectiva no estudo da linguagem, colocando os usuários da língua no centro da construção do significado.” (Martelotta & Palomanes 2009, p. 181).
Postula-se que a linguagem é parte integrante da cognição humana que reflete a interação
de fatores culturais, psicológicos, comunicativos e funcionais, e só pode ser
entendida e estudada sob o contexto de uma visão real de conceptualização e
processamento mental. Além disso, a Linguística Cognitiva contribui para a
ciência a que denominamos Linguística, em geral, uma vez que permite a inserção
de novos procedimentos metodológicos para a investigação de fenômenos linguísticos
(GONZALEZ-MARQUEZ, MITTELBERG, COULSON & SPIVEY, 2007).
No Brasil, a Linguística Cognitiva é pouco conhecida, mas já há alguns trabalhos desenvolvidos famosos, como o de Lima (1989), Almeida (1995), Batoréo (1996) e Silva (1997).
Referências:
No Brasil, a Linguística Cognitiva é pouco conhecida, mas já há alguns trabalhos desenvolvidos famosos, como o de Lima (1989), Almeida (1995), Batoréo (1996) e Silva (1997).
Referências:
CROFT,
W & CRUSE, A. Cognitive Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press,
2004.
FERRARI, LILIAN. Introdução
à Linguística Cognitva. São Paulo: contexto, 2011.
GONZALEZ-MARQUEZ,
Mônica; MITTELBERG, Irene; COULSON, Seana; SPIVEY, Michael J. Methods in
Cognitive Linguistic. New York: John Benjamins, 2007.
MARTELOTTA, Mário
Eduardo. Org. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2009.
SILVA, Augusto Soares
da. A Semântica de Deixar: Uma Contribuição para a Abordagem Cognitiva em
Semântica Lexical. Braga: Universidade Católica Portuguesa, 1997.


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Tenho algumas perguntas para vocês:
ResponderExcluirQual o papel do corpo nessa abordagem?
Como são construídos os significados para essa abordagem?
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